Traíra vai atrás da sua turma

 

Após seu jeitinho para atrasar a prisão em regime fechado de Bolsonaro – prevista para ocorrer em novembro -, com o bizarro pedido de correção gramatical do julgamento que condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão. Só que a manobra para adiar o acórdão não deu certo, porque o STF o publicou hoje assim mesmo...

E agora o ministro Luiz Fux pede para passar para a Segunda Turma do STF. Também pudera. O ministro foi a única voz dissonante da Primeira Turma, ao marcar posição contrária a de seus pares em vários momentos, como no julgamento da Débora do Batom, ontem voltou a ser o único a divergir da condenação dos sete réus do Núcleo 4 e, sobretudo, das decisões ligadas a Bolsonaro. 

E ainda veio com o lamentável (e falso) argumento de que o STF é “incompetente” para analisar o caso...  

Fux deixou bem claro de que lado está, tanto que no fim do julgamento do Núcleo Crucial pela tentativa de golpe temia-se que um pedido de vista seu adiasse eternamente a decisão.

Fez pior, porém. Abriu divergência e votou pela absolvição do ex-presidente, ao mesmo tempo em que condenava o general Walter Braga Netto e o ex-faz tudo Mauro Cid – movimentos contraditórios, sem nenhuma lógica. E alugou a Primeira Turma em 14 horas de discurso. Que tipo de acordo ele terá feito para tantas loucuras consecutivas?

Ontem, Fux enviou a seguinte mensagem ao ministro Edson Fachin, que sucedeu Luís Roberto Barroso na presidência do STF: "Manifesto meu interesse em compor a 2ª Turma deste Supremo Tribunal Federal, considerando a vaga aberta pela aposentadoria do ministro Barroso". Para isso, recorreu ao artigo 19 do regimento interno que dá o direito de transferência a ministros para onde houver vaga na Corte.

Cármen Lúcia é a única da Primeira Turma com mais tempo de atuação que Fux, onde chegou em 2021. E, por sinal, fez o movimento inverso: migrou da Segunda Turma, onde estão os processos da Lava-Jato. E, ao contrário de Fux, tem honrado o atual assento com seus votos progressistas.

Como ao contestar o advogado de Carlos Rocha, do Núcleo 4, que alegou que o STF teria pedido para o TSE “deixar para lá” um suposto pedido de retorno do voto impresso. “Isso não é fato, o Supremo não disse ao TSE “deixa isso para lá” porque o TSE, em hora nenhuma, chegou a esse ponto”, reagiu.    

Sabe-se que Fux se sentirá mais à vontade em meio a outros juízes bolsonaristas, como Kássio Nunes Marques e André Mendonça. Ele só vai precisar ficar bem esperto para o ministro Gilmar Mendes não roubar sua peruca...

(Charge de Aroeira no site 247) 

 

 

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