A incompetência está no sangue

 

Deixou de ser um mistério quem assessorou Bolsonaro para violar a sua tornozeleira: Ângelo Guido Bonturi Bolsonaro (foto), seu irmão mais velho, que dormiu na mansão na noite de sexta-feira, quando se deu a tentativa. Guido já teve uma empresa de conserto de equipamentos eletroeletrônicos.

Segundo a Revista Fórum, o irmão e outras três irmãs do ex-presidente estavam com ele naquela mesma noite. As três jantaram e foram embora, enquanto Guido dormiu por lá, ou seja, deve ter assistido de camarote a chegada da PF para prender o irmão na madrugada daquele sábado. De onde se conclui: pior que um Bolsonaro, só dois Bolsonaros...

Outro presente àquela noite foi o cunhado Eduardo Torres, irmão de Michelle. Aparentemente, a tal revelação de que Trump teria conversado por telefone com Bolsonaro naquela mesma noite para tramar a fuga não para em pé, porque Bolsonaro não fala inglês. A não ser que Torres desse conta deste tipo de diálogo, algo bastante improvável.

A firma do irmão, registrada como Eletrônica Guido, funcionou em Eldorado, no interior de São Paulo, e está desativada. Só que o telefone de contato é o mesmo da Lotérica Trilha da Sorte, também de Guido, para a qual Bolsonaro fez 103 transferências entre 2024 e 2025, totalizando R$ 70 mil, algo que chamou a atenção da PF quando da apreensão do celular do ex-presidente.

Já o laudo pericial da PF sobre a tornozeleira identificou uma “execução grosseira” nos danos e ausência de “precisão técnica”. Ou seja, o técnico em questão estava longe de ter alguma competência para fazer este tipo de serviço, para mais uma das faltas de sorte de Bolsonaro.

Outra peça deste mesmo tabuleiro, montada pelo cientista político Christian Lynch, no Canal Meio: “Organizou um governo familiar, doméstico, regido por lealdades privadas, sustentada por filhos, parentes policiais de baixa patente, militares ressentidos e milicianos. (Todos incompetentes).

Entre eles, o cabo que resgatou a moto roubada de Bolsonaro em Vila Isabel em 4 de julho de 1995 (cujo assaltante preso na Bahia amanheceu morto na cadeia no Rio). E que, em 2009, perdeu uma perna num atentado e foi ajudado por Bolsonaro a comprar a substituta mecânica. Pouco depois, ele virou vizinho do ex-presidente no Condomínio Vivendas Barra.

Seu nome? Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco. Será que a PF ainda chegará a outros envolvidos no crime? E qual seria a relação dos Bolsonaro com Adriano da Nóbrega, o chefe do Escritório do Crime condecorado por eles e morto em queima de arquivo pela polícia baiana em 2019? 

Quer dizer, pior que os que o cercam, só mesmo o próprio.