Efeitos deletérios do orçamento secreto
Todos sabemos que nossa representação no Poder
Legislativo é podre, incapaz de agir pelo senso comum. Só que o parlamento é o
coração da democracia representativa, defendê-lo é emblemático no compromisso
democrático.
Se não é possível comprometer os partidos com a
gestão do Estado, porque eles não têm sequer essa autoridade sobre os que
filia, o presidente garante a governabilidade distribuindo nacos da máquina
pública aos deputados e senadores, em troca de apoio nas votações do seu
interesse. O arranjo permitia que o governo do Brasil governasse o Brasil. Não
mais.
O esquema foi rompido com o golpe contra a
presidente Dilma. A chefe do Poder Executivo deixou de ser capaz de comprar o
apoio majoritário do parlamento. E a gestão de Temer levou as velhas raposas do
Congresso ao poder. Bolsonaro foi um passo além: a aliança vitoriosa da
extrema-direita tresloucada com o baixo clero, Carla Zambelli com Onyx
Lorenzoni. Foi quando os parlamentares se julgaram com força suficiente para
mudar as regras do jogo.
As emendas impositivas reduziram a força do Poder
Executivo e sequestraram uma fatia enorme do orçamento federal, livres para serem
usadas nos propósitos pessoais dos parlamentares. Hoje as emendas parlamentares
consomem um terço do total de despesas obrigatórias. No EUA, essa proporção
é oficialmente limitada a 1%.
As emendas impositivas retiram dos ministérios a
capacidade de hierarquizar necessidades e decidir investimentos de acordo com
eles, em todas as áreas. Beneficiam quem tem a melhor rede de contatos
políticos ou sabe puxar os sacos certos. Distribui benefícios e alimenta
lealdades pessoais.
Age contra o interesse público.
Na Amazônia, quase todas as emendas bancam
maquinário que desmata e uma parcela irrisória, de menos de 1%, financia a
conservação ambiental. Os acolhimentos às vítimas de violência doméstica são
implantados no Ministério das Mulheres não onde são necessários, mas
onde há um padrinho político interessado. Os exemplos são intermináveis.
Tudo
indica que voltaremos a ter uma eleição presidencial tensa. Apesar do
favoritismo de Lula, não podemos desprezar a força do dinheiro, os púlpitos das
igrejas transformados em palanques e a influência das redes de desinformação
bolsonaristas, que continuam intactas.
(Fonte: cientista político Luiz Felipe Miguel)

No Brasil, a boçalidade vale dinheiro
ResponderExcluirMindinho Veríssimo
ResponderExcluirOrçamento secreto e criminoso. No orçamento 2026, previsto 61 bilhões para nossos "caros" deputados.
Ainda sujeito a veto de Lula, mas se ele veta toma mais pancada do parlamento
ResponderExcluirMaria Da Silveira Lobo
ResponderExcluirIsso. 🎯 🥲 como sairemos desta armadilha!?
Pergunta de um milhão de dólares...
ExcluirM Christina Fernandes
ResponderExcluirSó com povo nas ruas exigindo uma Reforma Política, e não com a # congresso inimigo do povo.
Estamos num 'parlamentarismo' em que o Congresso fica com o tesouro e o Executivo com as contas, sem ter com que pagá-las.
E com o ônus de tudo o que dá errado
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ResponderExcluirJosé Inácio Werneck
"A democracia é o pior sistema de governo, com exceção de todos os outros" (Winston Churchill). Temos que lutar para melhorá-la, não derrubá-la com golpes de Estado.
A realidade é que a nossa democracia do jeito que está vira uma encrenca. Ainda assim, ainda não inventaram outro sistema melhor
ExcluirRicardo Alves de Barros
ResponderExcluirO inpiechement da Dilma foi golpe? Ele não foi constitucional? Os tanques foram pra rua como em 64? Temer usurpou o poder?
Eu tb não era feliz com o governo da Dilma, ela mostrou-se uma pessoa autoritária no trato com os demais e a economia não ia bem. Mas o que aconteceu foi um jeitinho. O cientista político sustenta que ela perdeu o poder de barganha com o Congresso e foi essa a causa do seu enterro. Não tece tanque nas ruas. E digamos que um vice que assume o poder jogava contra a presidente, se fosse alguém leal não teria dado no que deu. E mostrou de que lado está quando salvou Bolsonaro do impeachment depois do discurso do 7 de setembro de 2021.
ExcluirRicardo Alves de Barros
ExcluirCelina Côrtes mas isso é o Brasil de sempre. Jeitinho, conchavos, jogos do poder, alianças espúrias, toma lá dá cá...não é para amadores.
Tenho participado do programa Yes nós temos bananas, com o José Inácio Werneck (um jornalista das antigas, como eu), que está há 30 anos nos EUA. Eu e o Humberto Borges descascamos a política brasileira para americanos e brasileiros nos EUA. Realmente o Brasil não é para amadores.
ExcluirJorge Lúcio de Carvalho Pinto
ResponderExcluirMeu sonho, construir um Congresso que tenha como foco o país e sua população, sem extremismos, sem misturar religião com política
A essa altura da vida não consigo acreditar que isso seja possível
ExcluirFrancisco Humberto Borges
ResponderExcluirÉ bom concordar com as pessoas, especialmente quando elas sabem do que falam, tratam o assunto com respeito e isenção. Explicam as coisas de maneira objetiva, simples. Mas, no caso do Congresso Brasileiro, eu lamento muito que você tenha toda razão, Celina Côrtes. Está clero, digo claro, que a atual legislaturas é uma das piores da nossa história republicana. Vide os bilhões chantageados em emendas parlamentares, dinheiro para reeleger boa parte dessa cambada de... digo o adjetivo assim mostrar as provas. Faltam 500 dias para o 6 de outubro, o dia do povo fazer justiça nas urnas democráticas. Podemos começar consultando nos sites do Congresso, por exemplo, quem votou a favor da impunidade para os golpistas; ou quem são os 100 deputados e 20 senadores indiciados criminalmente, além dos 172 parlamentares implicados em 358 investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), por crimes "comuns", como corrupção, falsidade ideológica e outras ninharias legais de gabinete, tipo verba de gasolina. Um terço dos 594 deputados e senadores alugam seus mandato às bancadas notórias da direita. Fiquei devendo um adjetivo, e pago o que devo a "essa cambada de..." inocentes. Nenhum corrupto, nenhum ladrão. Enquanto seus processos continuarem engavetados, são todos inocentes. Reelegíveis. Eles são inocentes até o trâmite em julgado dos processos que não caducarem. Após a prescrição, eu passo a ser um tremendo mentiroso.
É tuto muito assustador
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