Um fio de esperança

 

Após a terra arrasada de quarta-feira, alguma luz aponta no fim do túnel. Lula vai vetar o PL da Dosimetria e disse não ter participado de qualquer acordo. O senador Jacques Wagner (PT-BA) assumiu que decidiu sozinho deixar passar a votação no Senado. Lula não faria o mesmo, como ele mesmo disse.

Para o jornalista Otávio Guedes, o PT vendeu a democracia pelos R$ 20 bilhões que passará a arrecadar com a taxação dos bancos, bets e fintechs. Só que o fato é o PT votou em peso contra a dosimetria, inclusive o senador Jacques Wagner.

As vozes progressistas voltaram a se manifestar maciçamente nas ruas, o que mostra o erro crasso do senador, ao desprezar indicativo tão contundente. Priorizou a economia. Com isso, arriscou perder a juventude que volta às ruas para enfrentar a extrema direita. Gente preciosa que estaria perdendo a gana de lutar, se o último domingo não tiver dado em nada.

Só que o veto de Lula não vai resolver, porque a última palavra é do Congresso. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, já anunciou que vai vetar o veto de Lula.

Existe, porém, outra questão. Os deputados Lindberg Farias (PT-RJ) e Pedro Campos (PSB-PE) (foto) entraram com mandato de segurança no STF para anular a tramitação do PL da Dosimetria. O argumento é que o projeto foi aprovado disfarçado de “emenda de redação” (por erros de português”), quando se trata de uma “emenda de mérito”, que obriga seu retorno à Câmara Federal para o trâmite final.

Sabe-se que a Câmara aprovaria o PL ao recebê-lo de volta, até porque a emenda dos senadores evita que o texto beneficie criminosos comuns, como os traficantes Marcola e Fernandinho Beira-Mar, por exemplo. Com isso, ganha-se o tempo que se julgava haver no Senado, onde o projeto, como na Câmara, acabou votado a toque de caixa.

Especialistas sustentam, contudo, que uma lei feita só para um grupo específico - os golpistas - é inconstitucional. Ou seja, não passaria por um crivo da Suprema Corte.

Agora as Organizações Globo admitem que houve um acórdão com Paulinho da Farsa que teria envolvido até o ministro Alexandre de Moraes, informação confirmada pelo senador Alexandro Vieira (MDB-SE).

Só que Moraes ainda não se pronunciou. (Eu mesma enviei perguntas sobre isso ao seu gabinete). Pelo contrário, criticou a Dosimetria que vê como estímulo a novos golpes, e manteve uma condenação pesada aos participantes do último núcleo golpista. O general Mário Fernandes, autor do plano Punhal Verde e Amarelo, para assassinar Lula, Alkmin e Moraes,  levou, por exemplo, pena de 26 anos.

A reação do STF ao mandato de segurança dos parlamentares também será um parâmetro do verdadeiro papel, ou não, de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli no tal espúrio acórdão.