O resto que se vire

 

O escárnio continua. A todo vapor. Quando a ministra Rosa Weber suspendeu as emendas secretas de relator com suporte de seus pares no STF, dava a impressão de que a mamata teria um fim. Não teve. E continua a mil.

Segundo o Globo, cerca de R$ 5,7 bilhões, o maior volume liberado no ano passado desse tipo de recursos, foram reservados entre os dias 7 e 31 de dezembro e correspondem ao empenho de R$ 237,5 milhões/dia no período.

Nos oito primeiros meses de 2021 o butim somou R$ 4,9 bilhões e destinou-se a prefeituras comandadas por aliados do Centrão – como se sabe, base que manda neste governo.

Um dos agrados foi para Miracatu, cidade a 137 km de São Paulo, e beneficiou Renato Bolsonaro (foto), irmão do presidente e chefe de gabinete da prefeitura, que atuou diretamente para liberar o empenho de R$ 35 milhões.

Como essas emendas são secretas não é fácil descobrir quem manda e quem leva, o que tem provocado um trabalho de formiguinha da grande imprensa. O Globo, por exemplo, cruzou dados do senador Alessandro Vieira com os dos deputados Filipe Rigoni e Tabata Amaral.

E assim chegou a 186 prefeitos do PL de Bolsonaro, além de outros 180 alcaides do PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira, que continuam nadando de braçada para permanecerem no poder.

Dos R$ 2 bilhões empenhados pela Funasa, quem se deu melhor foi Jequiá da Praia, em Alagoas, com a assinatura de um convênio de R$ 10 milhões para a construção de um sistema de coleta e tratamento de esgoto.

Seria até um destino justo, não fosse pelos métodos escusos, que teimam em favorecer aliados. Para se ter uma ideia, só 68 mandatários do PT foram alvos deste tipo de empenho.

O segundo maior beneficiado foi o ministério do Desenvolvimento Regional, com empenho de R$ 1,91 bilhão. Dele, o maior agraciado foi o Departamento de Estradas e Rodagens do Acre, estado do senador Márcio Bittar, do PSL.

Ou seja, os amigos do rei vão continuar a ser tratados a pão de ló para se perpetuarem em seus cargos. O resto, que se vire.