Aliança espúria

 Após o tsunami provocado aqui pelas bravatas de Elon Musk, restam algumas certezas. A primeira é do quanto ele se identifica – melhor dizendo, é porta voz – da extrema direita. 

Se Musk capta tão bem os anseios do fascismo internacional, o mesmo ocorre com o inelegível. Parece até que compartilharam o mesmo roteirista quando ele atacou o STF e, diretamente, o ministro Alexandre de Moraes.

A segunda, é a incoerência entre seu discurso pró liberdade de expressão – que ele finge distinguir dos ataques de ódio tão caros à extrema direita e aos bolsonaristas -, o que bate de frente com a tese de neutralidade das redes sociais.

Que de neutras não têm nada. No caso do X, ex-Twitter, então, a defesa de seus próprios interesses não poderia ser mais explícita. Aqui, da perda do monopólio de sua Starlink na informatização das escolas brasileiras, da exploração do lítio pela Vale e do contrato assinado com a chinesa BYD, de carros elétricos, que deixa sua Tesla a ver navios...  

Sem falar na monetização do discurso de ódio.

Tanto é que ele atendeu mansamente aos pedidos feitos pelos governos da Turquia e da Índia de interferência no X. Lá, seus interesses permanecem intactos.

Já em dezembro, a União Europeia abriu um inquérito contra a X pela disseminação de desinformação e com possibilidade de multar a empresa em 6% do valor de sua receita, segundo o jornalista Jamil Chade. 

Aparentemente, Musk é a face exposta do fascismo internacional, que agora dá seu bote no Brasil.

Só que qualquer empresa que chegar aqui e descumprir nossas leis, ainda por cima desdenhando da nossa Constituição, do STF e de seus ministros, tem de ser punida.

Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Por que seria diferente com o bilionário? Um abuso desses, que deveria ser combatido por unanimidade no país, encontra, porém, dissidências favoráveis ao infrator.

Que, além de seu discurso, dá um selo especial ao blogueiro Allan dos Santos, que deveria estar banido da plataforma a pedido da Justiça brasileira e volta à carga, com os mesmos ataques de sempre. Como se nada tivesse acontecido.

Portanto, o viralatismo citado por Nelson Rodrigues volta a nos assombrar. Dessa vez, pelo oportunismo e submissão da extrema direita brasileira e do bolsonarismo. Só mostra o quanto eles se lixam para o patriotismo e nacionalismo que continuam a nos roubar, com o uso do nosso verde e amarelo.

Até quando?