O jogo duplo de Vera Magalhães
Sou leitora da coluna da jornalista Vera Magalhães
no Globo e costumo concordar com seus argumentos. Achei
louvável sua saída do X, antigo Twitter, ao mesmo tempo
em que denunciou o uso político da rede por Elon Musk.
Antes de desativar sua conta, Vera antecipou sua
decisão numa postagem no próprio X, onde registrou preocupação com
o ambiente “tóxico e perigoso” que a plataforma virou.
Ela argumentou ainda que uma rede social perde sua
credibilidade quando se torna ferramenta para os interesses políticos do
proprietário, que ainda por cima desafiou a noção de liberdade de expressão. E flerta com a extrema-direita.
“A partir do momento que uma rede social vira arma para o dono fazer política, falar em liberdade é piada. Quem está aqui
está topando as regras do jogo de Elon Musk e usando sua expertise,
seu trabalho para alavancar sua arma política. Por isso, a partir de hoje, não
estarei”, deu o seu recado.
Como se sabe, o movimento foi uma reação à série de
ataques e ameaças de Musk ao ministro Alexandre de Moraes no último fim de
semana. O bilionário acusou Moraes de promover “censura no Brasil”, pediu
seu impeachment e declarou que não iria mais acatar decisões
do STF.
Ou seja, levantou uma bola para a extrema-direita internacional. Aqui, a reação dos bolsonaristas foi imediata.
Agora, o que não dá para entender, é porque a mesma
jornalista, responsável pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, deu munição a
Flávio, o primogênito do inelegível, na última segunda-feira. Por que
ela escolheu justamente um dos mais importantes representantes da
extrema-direita tupiniquim para participar de seu programa?
Claro que ele usou parte de seu tempo para defender
Musk e seu pai, uma “vítima” do TSE, que nada fez para merecer o que já lhe
aconteceu – a inelegibilidade – e sofre perseguição do Judiciário, segundo o filho. Em especial
de Moraes, não por acaso, o alvo preferencial de Elon Musk.
A jornalista foi ridicularizada pelo deputado
Nikolas Ferreira, expressão máxima do bolsonarismo, que postou nas redes um
“Obrigada Elon”, referindo-se à saída de Vera do X.
Pelo visto foi condenada a um jogo duplo pelo patrão, Tarcísio de Freitas, a cujo estado pertence a TV Cultura...
Maria Helena
ResponderExcluirEssa sra começou a provar do próprio veneno : Anunciou publicamente que cancelou o X ,e o tal nicolas soltou pérolas podres sobre ela ...
Que espere : Vem mais por aí...
Esse é o jeito dos extremistas da direita : Deixou de ser usável? Direto pro lixo ...
Arnaldo Moteiro
ResponderExcluirPapel ridículo, mas com certeza foi ordem do filhote de genocida
Gilberto lembrou que a Tv Cultura e do Estado de SP e, portanto, de Tarcisio de Freitas. Explica-se...
ExcluirEntrevistar esse energúmeno tá na cara que foi pauta desse fascista que não tá nem aí para as mortes da pm
ExcluirCarlos Nascimento
ResponderExcluirEntendi sua preocupação e sinalização, mas penso que o Roda deva mesmo ter esta pluralidade, Vera mandou bem, deu umas catadas no personagem, seguimos, mas o fato da tv Cultura estar nos braços do Tarcísio é preocupante mesmo, abração e parabéns pelo trabalho.
Gilberto Menezes Côrtes
ResponderExcluirCelina, a TV Cultura é do governo de SP, comandado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas.
Celina, permita-me discrepar, acho que deve ser exposto sim. Ele falou muito e atropelou as pessoas com sua fala, tentou enrolar como fazem todos eles. Mas, nos pontos cruciais, rachadinhas, Queiroz, mansão etc não convenceu ninguém.
ResponderExcluirO que mais me incomoda nele é o cinismo
ExcluirPaulo Varella
ResponderExcluirCelina. Quase sempre, ou talvez 99.9% das vezes, concordo com sua perspectivas. Acho o clan Bolsonaro algo deplorável, mas o Roda Viva não pode ser restrito a uma visão única. Jornalismo é mostrar todos os lados, desafiar os fatos destorcidos e oferecer uma leitura crítica do que acontece na sociedade.
Vc está certíssimo, Varella. Confesso que não assisti o programa e fui movida pelo nojo que tenho dessa gente. Tb revejo minha posição, de que Vera foi vítima de um sistema do qual não pode escapar, pq predominantemente suas opiniões vão em outra direção. Li, porém, que eles foram camaradas com o 01...
ExcluirPaulo Varella
ExcluirAssisti e me frustrei em não vê-lo apanhar mais, mas até aí minhas vieses desenham minhas emoções.
Acredito que um modo de reduzir a força enorme que o fascismo tem no Brasil (e mesmo no mundo) é o jornalismo sério. Dar bastante corda para vê-los se enforcar sozinhos. Espero que não seja inocente nessa visão, tenho minhas dúvidas ;-)
ResponderExcluirJean Schleuderer
Celina Côrtes
Assisti esse Roda Viva.
Veja, o entrevistado é convidado a um debate televisivo e assim deve ter espaço para suas narrativas. Não foram camaradas, mas não é espaço para ser inimigo.
Da família Bolsonaro Flavio sempre foi o único político e inteligente (sem juízos de valor).
Fala bem, é articulado, sabe escapar de armadilhas.
Vera Magalhães era apenas a mediadora.
A composição dos entrevistadores é que me pareceu fraca.
Mesmo a Bela Megale, que escreve bem mas pergunta mal.
Faltou ali gente como Gabeira e Boechat.
Carlos Nascimento
ResponderExcluirVc tinha razão kkkkkkkkkkkk
Carlos Nascimento
ResponderExcluirTV Cultura/Roda Viva: Pluralidade editorial a serviço de quem e do quê?
O Roda Viva desta última segunda feira, trouxe como pauta, entrevista com o senador pelo RJ Flávio Bolsonaro. O Roda Viva, até por ser e dever ser mesmo, um espaço plural para apresentação de ideias, não seria estranho entrevistar uma liderança que tem servido de alicerce a ideias retrógradas, autoritárias e mesmo golpistas, que atentam contra um verdadeiro estado democrático de direitos, inclusive um estado de democrático de direito, que nem estou aqui afirmando que já o temos consolidado neste pais, ao contrário disso, vejo que há grupos políticos e econômicos adeptos aos seus interesses corporativos, que se associam frente as suas conveniências, para fazer valer suas hegemonias e interesses próprios e não exatamente um estado democrático de direitos que sirva ao conjunto da sociedade . Pois bem, o Roda Viva tem alimentado mais de 200 milhões de visualizações no Youtube, além de forte público cativo as segundas feiras na TV aberta.
Como escrevi, a pluralidade se faz necessária e garantir a liberdade de expressão de todas as vertentes econômicas, políticas, culturais, é salutar. O que não podemos aceitar, é que um órgão consolidado no ar continuamente desde 29 de setembro de 1986, esteja também a serviço da construção de uma hegemonia ou outra.
Lembro que o Roda Viva está na TV Cultura, uma TV pública pertencente ao governo de São Paulo, é mantida pela Fundação Padre Anchieta, uma fundação sem fins lucrativos que recebe recursos públicos, através do governo do estado de São Paulo, e privados, através de propagandas, apoios culturais e doações de grandes corporações.
Bem, sabemos a linha política e o modelo de sociedade que o atual governador de São Paulo defende e eu respeito, porém aguardemos e fiquemos atentos para que este importante instrumento de fomento à cultura, ao fortalecimento das relações mais equânimes na sociedade, não passe a servir apenas àqueles que deturpam as relações humanas, promovem a mentira como forma de construir sua hegemonia, pois a pluralidade, deve ser sim de ideias, mas de boas ideias, de ideias construtivas e respeitosas, ideias que podem sustentar adversidades, mas dentro de um paradigma de respeito as diferenças e as multiplicidades existentes na sociedade. Fiquemos atentos as próximas pautas !!