Riscos do petróleo na foz do Amazonas

 


Nessa hora em que os efeitos das mudanças climáticos são mais que explícitos, com catástrofes espalhadas pelo planeta que vão de enchentes a secas nunca vistas, acompanhadas pelo derretimento das calotas polares que farão subir os níveis dos mares, não dá mais para brincar.

Por outro lado, a eminência de um conflito entre Irã - grande produtor de petróleo - e Israel também acende a luz vermelha.

Nesse contexto, foram cruciais os 21 dias passados pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA) percorrendo a foz do Amazonas, do Pará ao Amapá, com apoio do Greenpeace, para identificar possíveis riscos da exploração de petróleo na região. 

As conclusões assustam: vazamentos ali podem causar impactos para além do mar territorial brasileiro, segundo o site ClimaInfo. Como se sabe, a Petrobras e o Ibama divergem sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial.

O licenciamento ambiental para o bloco FZA-M-59 não foi concedido porque, para o Ibama, a Petrobras até agora não apresentou estudos suficientes sobre os impactos ambientais do empreendimento.

A expedição do IPEA aconteceu em março, no veleiro Witness, do Greenpeace (foto), adaptado às condições do litoral amazônico. Estudos preliminares já indicam que vai ser difícil para a Petrobras comprovar segurança na exploração de óleo na delicada região.

Foram lançados pelos pesquisadores sete derivadores, equipamentos rastreadores capazes de simular a dispersão de poluentes na superfície do mar. Dois deles logo atingiram zonas protegidas, como a APA de Marajó, no Pará, e a Reserva Ecológica do Lago Piratuba, no Amapá.

Outros chegaram ainda mais longe, na costa do Suriname e da Guiana, em direção às águas cristalinas do Caribe.

“Há poucas modelagens sobre as características hidrodinâmicas dessa zona costeira e marinha e é muito importante entendermos melhor essa dinâmica para poder interpretar o que aconteceria em caso de vazamento de petróleo”, avalia Enrico Marone, do Greenpeace.

O governo parece determinado a bancar a aposta nesta área. Para isso, prepara um decreto que define a realização de Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) para áreas ambientalmente sensíveis, como a foz do Amazonas.

A Petrobras também anunciou a realização de uma expedição científica, com 28 cientistas de 12 universidades e instituições de pesquisa no navio Vital de Oliveira, da Marinha, à foz do Amazonas, sobre “a nova e mais promissora fronteira exploratória em águas profundas”.  

Espera-se que todo o cuidado seja pouco antes que isso de fato aconteça, o que já parece ser inexorável.

 

Comentários

  1. Carlos Minc
    🤔😔🥸💃🌈💪🏽💥🐬🐳🦀🪗

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  2. Jean Schleuderer
    Teremos que crer que o bom senso do Governo pesará mais nas suas decisões do que a sanha por popularidade.
    Ao menos para podermos dizer que estamos tentando do nosso lado.
    As recentes projeções com os modelos aceitos e adotados, além dos dados de monitoramento, indicam que o desastroso limite de +1,5°C já foi ultrapassado - COP28.
    As mudanças climáticas irão se agravar e se manter.
    Indicam também que o catastrófico limite de +2°C será ultrapassado nos próximos 10 ou 20 anos. O quadro será de irreversibilidade.
    Já não há o que fazer. Aquelas tantas distopias futuristas irão se concretizar até o final desde século.
    Depois do caos iremos zerar com os combustíveis fósseis, claro.
    Mas então apenas porque sua exploração, refino, distribuição e uso já não serão possíveis nem úteis.
    Talvez Zaratustra tenha falado.
    Não importa, fomos levianos mesmo assim.

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  3. Acho que nesse caso o que mais pesa para o governo é o dinheiro que entra no país...

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  4. Margarida Lima
    Por que o Greenpeace omite a exploração de petróleo na Guiana que já está ocorrendo? Interesses de quem com relação a que? Honestidade de ONG é relativa

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    1. Me parece que o objetivo desse navio se restringia à nossa Margem Equatorial

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