Justiça dá mole ao Inelegível

 

Me animei ontem quando vi a nota exclusiva do jornalista Guilherme Amado no Metróles: Gonet vai denunciar o Inelegível após o segundo turno das eleições (27 de outubro).

Opa, então ele não vai continuar arranjando pretextos para exercer seu trabalho de PGR, que consiste em levar adiante as investigações da PF, caso concorde com o resultado delas.

Para começar, parece piada o argumento exposto a seus pares no MP, de que a medida poderia influenciar nas eleições. Tão bonzinho, tão cooperativo...

Por que o PGR tem que dar essa colher de chá ao ex-presidente, que passou os últimos meses correndo atrás de vitórias eleitorais para seu partido e familiares, turbinado pelas emendas, orçamento secreto e fundo partidário ?

Carluxo foi o vereador mais votado do Rio; a eleição de prefeitos por seu partido, o PL, cresceu 44% em relação a 2020 - foi a legenda com mais votos em prefeitos do país -, além dos 23 candidatos ainda em segundo turno.

Até Jair Renan, o 04, se elegeu vereador por Camboriú...

É verdade que ele perdeu uma galinha dos ovos de ouro, o Rio, seu reduto eleitoral. E, na sua ambiguidade entre Ricardo Nunes e Lamarçal, garantiu, ao menos, o primeiro.

Agora, porque Paulo Gonet tem que condicionar seus passos a um comportamento que beneficia o réu? Em que manual jurídico isso está escrito?

Pior é que quando fui ler a notícia, a tal denúncia se dará apenas em relação à falsificação de comprovantes de vacina e ao roubo das joias. E a tentativa de golpe após a eleição de Lula, com maior potencial de conduzi-lo à cadeia?

De uma certa forma, lembra a inoperância do TSE-SP, incapaz de tomar uma medida imediata em relação ao dossiê falsificado por Lamarçal.

Como se sabe, a PF comprovou, antes do pleito, que Guilherme Boulos não foi internado numa emergência psiquiátrica que confirmou ou usou cocaína. O ex-coach falsificou um documento contra um de seus adversários.

Após o crime o PRTB, partido de Lamarçal, admitiu que a falsificação do dossiê pode tê-lo prejudicado. Ok, e fica nisso? O que acontece agora com o infrator?

Descubro, então, que a PF não havia concluído o inquérito que investiga a tentativa de golpe pelo capitão. Fontes da PF disseram à colunista Malu Gaspar que o documento só deve ficar pronto após o primeiro turno das eleições.

Desse jeito, fica cada vez mais difícil comprovar a participação criminosa do ex-presidente no 8 de janeiro. Pelo visto, os que deveriam cuidar disso não têm a menor pressa para chegar a um desfecho final.