Novos vilões deixam antigos no chinelo

 

Quando me lembro dos bandidos da minha infância, os Irmãos Metralha (foto) ou até o ganancioso Tio Patinhas, é espantoso como a situação se sofisticou. Agora, por exemplo, os candidatos à frente de São Paulo temem a ação do assustador Lamarçal nas redes sociais até domingo.

Algo muito mais para o maligno Coringa, o supra sumo da vilania nas telonas, com uma soberba Lady Gaga.

E a bem preparada e boa moça Tabata Amaral pode ficar de mal num segundo turno e ver com desdém a entrega do poder municipal ao bolsonarista que já está no cargo. E desistir, assim, de seu vital apoio de candidata do PSB para que Guilherme Boulos consiga vencer a baixaria. O tal voto útil.

No Rio algo semelhante ocorre com Tarcísio Motta, o candidato do PSOL que aqui, ao contrário de São Paulo, está na rabeira das intenções. Ele ficou particularmente irritado com o apoio do ex-psolista e agora petista, Marcelo Freixo, a Eduardo Paes. Sentiu-se traído.

Mais uma vez, a esquerda fluminense se divide e ajuda a confundir quem são os bandidos e os mocinhos na cabeça do eleitor. Em SP a situação é mais grave, com a entrada em cena desse vilão anos 2024, faceta máxima do que o egoísmo – principal traço da extrema direita – é capaz de gerar.

Até porque o goiano não está nem um pouco preocupado com o que será da capital mais rica do país. Como se sabe, o que importa a ele é montar uma rota para entrar com tudo nas eleições presidenciais de 2026.

Ok, a entrada em cena do Inelegível já representou um baque estrutural na política brasileira, com a ascensão de alguém que se dizia antissistema e passou 28 anos exercendo seu mandato de deputado federal com apenas dois de seus 171 projetos (os números o perseguem...) aprovados.

Fora do que, as bases do apoio conquistado na extrema direita para representá-lo foram sua ameaça de atentado ao Guandu por melhores salários nos tempos de caserna, além da citação ao torturador Brilhante Ustra em seu voto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.

Por essas e outras a carreira de influencers – aqueles que conseguem convencer os idioters – está em alta. Isso porque ela é capaz de oferecer, assim como faziam os antigos marqueteiros, o caminho mais seguro para vitórias eleitorais.

O mais difícil, que é convencer os eleitores, eles conseguem fazer com ferramentas agora voltadas para o mal. Três Metralhas, portanto, é história da Carochinha perto desse requinte de sujeira turbinado pela IA que se vê hoje em dia...  

A propósito, será que após as eleições o PGR Paulo Gonet vai começar a mexer com o inquérito do Inelegível, ou arranjará outro pretexto para continuar adiando?