Trump adere ao nazismo em 2024

 

No mês passado, senti um certo alívio quando vi a previsão de Allan Lichtman, professor de História da American University em Washington, de que Kamala Harris será a próxima presidente dos EUA. Lichtman, que acertou nove das últimas dez eleições, é considerado uma espécie de ‘profeta do voto’ no país.

Mais adiante me assustei com pesquisas realizadas entre 17 e 21 de setembro. Indicavam que Donald Trump assumiu a liderança em três estados pêndulo norte-americanos: Arizona, Georgia e Carolina do Norte. O que dá a temperatura da forte polarização ainda em vigor.

E me impressionei com a cena levantada pelo jornalista Pedro Dória, sobre uma mudança de comportamento do candidato republicano nessas eleições. Se antes ele era classificado de fascista pelo historiador americano Robert Paxton, agora ele veste a camisa do nazismo.

Todos devem lembrar da absurda afirmação de Trump de que imigrantes haitianos estavam comendo pets em Springfield, no estado de Ohio. A mentira virou piada, memes, porém, no fundo, era um padrão para fragilizar ainda mais minorias já frágeis, ao invés de ajudá-las. Traço nazista.  

Sua solução para os imigrantes seria a maior deportação em massa já realizada nos EUA. Ele pretende ainda suspender o direito de quem nasce nos EUA ser considerado norte-americano. Os imigrantes ficariam aguardando a decisão final em campos de detenção. Ou seria de concentração?

Só que para isso acontecer, seria preciso aprovar uma emenda à Constituição, algo dificílimo e improvável. Está no seu discurso, contudo. E seria algo extremamente dramático e violento. Outro traço nazista.

Ele também tem afirmado que, se perder, a culpa será dos judeus. Além de historicamente votarem nos democratas, os judeus, para ele – ao contrário de qualquer outro grupo – têm que provar patriotismo. Uma ideia antissemita. Nazista.

O historiador americano Robert Paxton chamou Trump de fascista em 2020, por conta de sua tentativa de golpe com a invasão do Capitólio. Pois o professor de Yale, Timothy Snyder, crava a expressão nazismo, pelo pesado hábito de espalhar mentiras e teorias conspiratórias sobre os grupos mais frágeis da sociedade, e de estigmatizá-los.

“Ninguém afirma aqui que os campos de concentração se tornarão campos de extermínio. É que a estrutura de discurso que Trump usa é nazista. Não era assim, mas nesta eleição se tornou”, sustenta Dória.

Resta saber se os norte-americanos, povo da maior democracia do planeta, estarão dispostos a aderir ao nazismo. Seria o maior dos pesadelos.