Podres poderes fluminenses

 

A primeira bomba a aparecer no celular de Rodrigo Bacellar retido pela PF culminou na prisão do desembargador Macário Ramos Judice Neto. E o diálogo entre ambos é um espanto: “Te amo. Sou teu fã. Saudade de falar contigo”, suspira um aparente namorado que na verdade é Bacellar.

Como se sabe, o ex-presidente da Alerj foi preso pela PF numa armadilha. Foi à convite à sede da instituição, não apenas com R$ 90 mil em espécie no carro, como não apagou as mensagens de seus três celulares.    

E claro que o dedo podre dos Bolsonaro também está envolvido com Bacellar, detido por envolvimento com TH Joias – o deputado preso por suas ligações com o Comando Vermelho . O clã articulou para que o empreiteiro Renato Araújo, (PL- RJ) fosse o vice na chapa de Bacellar (União) para o governo do Rio em 2026. Araújo supervisionou a reforma na casa do ex-presidente em Angra dos Reis.

A relação com o ex-presidente da Câmara se estreitou tanto que, em outubro de 2024, ele recebeu em Brasília de Bolsonaro a medalha "imorrível, imbrochável, incomível” (foto). Enquanto isso, Araújo concorria – e perdia – a prefeitura de Angra dos Reis. O ex-presidente pediu, sem sucesso, novas eleições.

E, também em 2024, a Revista Piauí revelava que a PEC das Praias – absurdo projeto de privatização das praias rechaçado pela população - relatada por Flávio, beneficiaria a quem? A Araújo, se fosse aprovada pelo Congresso.

Já em maio deste ano, Bolsonaro fez uma videochamada com Bacellar e apoiou sua candidatura ao governo do Estado do Rio sob a condição de que o vice fosse Renato Araújo, como informou a colunista Bela Megale.

Só que antes de ser preso, Bacellar, que assumiu o governo em viagem de Claudio Castro, azedou a relação tanto com a familícia quanto com Castro, ao demitir Washington Reis – ex-prefeito de Duque de Caxias e secretário de Transportes, porque este estaria apoiando Eduardo Paes ao governo.

Como se sabe, Bacellar e o governador Cláudio Castro (PL) serão julgados pelo TSE pelo esquema de compra de votos que reelegeu Castro, do qual, Bacellar seria o “gênio do mal”. Ambos podem ser cassados, só que o julgamento, suspenso pelo pedido de vista do ministro Antônio Carlos Ferreira,  ainda não tem data para ser retomado.

Castro cresceu como candidato ao Senado pelo morticínio que promoveu nos complexos da Penha e do Alemão. E Bacellar foi solto pelo ministro Alexandre de Moraes, com tornozeleira. O diálogo acima é apenas um aperitivo do que ainda mantém os políticos fluminenses de cabelo em pé.