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Mostrando postagens de outubro, 2025

O consórcio da hipocrisia

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  Quando eu disse aqui que a extrema direita tinha encontrado no morticínio do Rio de Janeiro a sua tábua de salvação, nem podia imaginar o quanto estava certa. Foi estarrecedora a coletiva ontem do “Consórcio da Paz” (foto), realizada entre os sete governadores de direita da federação. Cláudio Castro, governador do Rio, foi quase que alçado a herói nacional no encontro. A Operação Contenção, que já matou 121 pessoas é um atestado de incompetência, porque os óbitos não acontecem em operações bem sucedidas. (Segundo a Revista Fórum , a operação foi encomendada pela Polícia Civil porque o Comando Vermelho (CV) estaria invadindo áreas de milicianos na Penha e no Alemão). Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, foi eleito marketeiro do grupo de oportunistas, ao vender a ideia da “Paz” através da guerra. Em sua malfadada operação, Castro 'descobriu' que a cidade do Rio reúne a maior fatia do Comando Vermelho (CV). PCC virou café pequeno... E, assim como Flávio Bolsonaro ...

Mortes invisíveis

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  O troglodita Cláudio Castro considerou um “sucesso” a operação que matou 121 pessoas nos complexos do Alemão e da Penha na terça-feira. A mais letal já realizada no país, acima de Carandiru. Para ele só morreram quatro, os policiais abatidos, porque o resto são pobres. Não existem. Estarrecedor. Ontem assistimos às devastadoras imagens dos 40 corpos levados à Praça São Lucas, no Complexo da Penha (foto). É óbvio que havia inocentes entre os executados.  E já não restam dúvidas de que a extrema direita vai se apoiar nessa tragédia anunciada como boia de salvação, na tentativa de reverter a popularidade ascendente de Lula, agora também embalada pelas pazes feitas com Donald Trump. Que, por sinal, já matou 43 ao destruir supostos barcos de traficantes venezuelanos. Crime internacional. A moda pegou por aqui: Castro também se lixa para os mais de 100 eliminados pela truculência do Estado. Os abutres da direita desembarcam hoje no Rio para se solidarizar com Castro. São e...

Castro atribui caos a Lula

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Ontem tinha me dado ao luxo de me alienar. Juntei três amigas da vida toda para curtir a quarta que vive há uns 40 anos fora do país. Moro num pedaço meio isolado da Zona Sul e, de fato, não ouvimos os ruídos que assolaram a cidade. Só que era impossível ignorá-los. Familiares começaram a ligar para saber se as amigas estavam seguras. Estavam, enquanto morriam ao menos 64 nos complexos do Alemão e da Penha (foto), na mais letal operação policial já realizada no Estado do Rio de Janeiro. Não pode ser normal. Era mais uma campanha eleitoral do que operação de segurança, de óbvias consequências. Em tom de vítima, o governador Claudio Castro reclamou da falta de apoio do governo federal: “ O Rio está sozinho nessa guerra”, lamentou-se. E é com essa a imagem que a oposição pretende superar a aproximação entre Lula e Donald Trump. Eles andam mesmo sem ter para onde correr. Ainda não há indícios do que as juras de amor entre os dois vão significar – ontem ao procurar Marco Rubio...

O choro dos perdedores

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  Nada como um dia após o outro. Enquanto Lula comemora sua aproximação de Donald Trump – “toda vez que tiver alguma dificuldade conversarei pessoalmente com ele. Ele tem meu telefone, eu tenho o telefone dele –, os bolsonaristas se desesperam cada vez mais. A regra vai soterrar quaisquer intervenções de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, que envenenaram o presidente americano com fake news para que ele evitasse a prisão de Bolsonaro. O canal direto entre os dois líderes vai encerrar de vez a influência exercida pelos dois traíras.   Agora Trump já sabe que os EUA não têm déficit com o Brasil, pelo contrário, são superavitários. “A taxação, segundo a carta dele, foi equivocada numa mentira”, disse o Lula aos jornalistas na Malásia, onde ele ainda permanece. E ainda teve a cereja do bolo: a ligação de Trump, de dentro do Air Force One, dando os parabéns a Lula pelos seus 80 anos. Quando estávamos sob o auge da influência bolsonarista sobre o republicano, era impossíve...

Dada a largada à paz tarifária

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“ Vamos chegar a um acordo" — garantiu o presidente dos EUA , após 50 minutos de reunião com Lula ontem na Malásia. Já o petista antecipou que "haveria boas notícias" e que ambos vão orientar suas equipes para se reunir “imediatamente” para prosseguir nas negociações. Noticia alvissareira, atestada pela postura relaxada de Lula durante a reunião de ontem. Sobre Bolsonaro, Trump admitiu que sempre gostou do ex-presidente, reagiu,  porém, como “não é da sua conta” ao repórter que perguntou se o inelegível entraria na discussão dos dois líderes. Beleza. Agora, se  você é daqueles que acredita que Trump não consegue ir até o fim do seu mandato, aperte os cintos: segundo seu estrategista, Steve Bannon, há um plano para que o presidente consiga concorrer a uma terceira gestão, embora seja uma violação da 22ª Emenda da Constituição dos EUA. “Trump será presidente em 28, e as pessoas precisam se acostumar com isso”, afirmou Bannon em entrevista. . “Há muitas alternativas d...

Boulos, o sucessor de Lula

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  A direita sentiu o baque da nomeação de Guilherme Boulos para a Secretaria Geral da Presidência. Nikolas Ferreira (PL-MG) se apressou em postar nas redes fotos de Boulos em manifestação do MTST de 2017, que terminaram por levá-lo a 10h de detenção na PM-SP. Kim Kataguyri (União-SP), por sua vez, disse que a indicação é ótima para a direita porque o político será um péssimo ministro como foi um péssimo deputado na Câmara (questão de ponto de vista...). Foi uma jogada de alto risco, porque Lula sabe muito bem que precisa de puxadores de votos da esquerda em 2026 – Nikolas ficou em primeiro lugar em 2022 e Boulos em segundo. Só que o deputado do PSOL-SP é apontado como sucessor de Lula à esquerda – cargo vago até então (e também ainda não ocupado na sucessão de Bolsonaro). É jovem (tem 42 anos), é capaz de mobilizar os movimentos sociais, coisa que o PT perdeu de vista, e vestiu luva de pelica no radicalismo para se tornar mais palatável a país conservador. Ele teria o poten...

A volta do rebanho

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  Pessoalmente, me divirto em ver as reações ainda mais destemperadas que o normal do pastor Silas Malafaia, ao sentir que a galinha dos ovos de ouro lhe foge das mãos. Foi o que aconteceu em recente discurso, alguns decibéis acima do seu tom beligerante em relação ao crescimento da popularidade de Lula, inclusive entre os evangélicos. “Fico com vergonha de ver um irmão evangélico dizer que apoia um cara desses que combate historicamente família, costumes e pátria, valores inegociáveis da nossa fé, gente”. “Por que um verdadeiro cristão não apoia Lula? Não é possível. Como é que um evangélico, como é que um cristão pode apoiar um cara desse? Como é que você, meu irmão evangélico, diz que apoia um cara desse? Não é possível”, prosseguiu ele, vociferando. O mais curioso é que Bolsonaro, seu grande aliado, se casou três vezes, em meio a traições a ex-mulheres (como denuncia Joice Hasselman). Enquanto Lula também se casou três vezes, só que todas elas depois de ficar viúvo. O...

Desfecho da tentativa de golpe

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  A manobra de Fux micou e o STF publicou na quarta-feira o acórdão, 1.991 páginas com os votos dos cinco ministros da Primeira Turma – que pode desencadear a prisão de Bolsonaro e dos outros sete réus: Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier, Mauro Cid, Anderson Torres e Alexandre Ramagem. Se aproxima, portanto, o resultado final do mais importante julgamento já realizado no país que, pela primeira vez, pode levar à prisão um ex-presidente e quatro militares de alta patente por tentativa de golpe de Estado. Entre a ação e seu resultado, porém, foram sucessivas tentativas de golpe para melar a sua origem. Os mais recentes, as propostas de anistia e dosimetria e a manobra do ministro Luiz Fux para adiar a publicação do acórdão. Isso se Trump não atender ao tuíte, em inglês, de Flávio Bolsonaro, pedindo o bombardeio de barcos com drogas ancorados na Baía de Guanabara. O senador, envolvido com a Segurança do Estado do Rio e aliado do governado...

Valdemar volta à mira da Justiça

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  A César o que é de César. Após renascer das cinzas como um fênix - ao ter extinto seu processo do Mensalão, que o condenou a 7 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro – Valdemar Costa Neto, presidente do PL de Bolsonaro, volta a seu investigado por suposta ação de desacreditar as urnas eletrônicas. Capítulo relevante da trama golpista. A gota d’água foi a condenação de Carlos   Rocha, presidente do Instituto Voto Legal,  na terça-feira  – entre os outros seis investigados no Núcleo 4 da tentativa de golpe, todos responsabilizados por propagação de fake news contra as urnas eletrônicas.   E foi Valdemar quem o contratou. Se o contratado é condenado, porque o contratante não é? A retomada da investigação foi sugerida por Alexandre de Moraes  durante o julgamento deste núcleo. Valdemar será investigado por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Ele chegou a ser indiciado pela PF ...

Traíra vai atrás da sua turma

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  Após seu jeitinho para atrasar a prisão em regime fechado de Bolsonaro – prevista para ocorrer em novembro -, com o bizarro pedido de correção gramatical do julgamento que condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão. Só que a manobra para adiar o acórdão não deu certo, porque o STF o publicou hoje assim mesmo... E agora o ministro Luiz Fux pede para passar para a Segunda Turma do STF. Também pudera. O ministro foi a única voz dissonante da Primeira Turma, ao marcar posição contrária a de seus pares em vários momentos, como no julgamento da Débora do Batom, ontem voltou a ser o único a divergir da condenação dos sete réus do Núcleo 4 e, sobretudo, das decisões ligadas a Bolsonaro.  E ainda veio com o lamentável (e falso) argumento de que o STF é “incompetente” para analisar o caso...   Fux deixou bem claro de que lado está, tanto que no fim do julgamento do Núcleo Crucial pela tentativa de golpe temia-se que um pedido de vista seu adiasse eternamente a...

Democracia em transe nos EUA

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  A nota ao pé do  post  sobre Donald Trump que publiquei no domingo não dá a dimensão do que aconteceu na véspera nos EUA: manifestações nos 50 estados do país sob o lema “ No kings ”, referindo-se ao republicano como se fosse um rei, em resposta ao seu autoritarismo. Emocionante.  “Xerife do mundo” - pelas sanções impostas a inúmeros países pelo presidente norte-americano -, dizia outra faixa nos mais de 2.600 atos realizados, que chegaram a Londres, Madri e Barcelona. As principais críticas atacavam políticas de imigração, segurança, cortes de verbas para universidades e  presença da Guarda Nacional nas capitais. Em Washington, a ação se deu em torno do Cemitério Nacional de Arlington, perto da área onde Trump planeja construir um arco monumental enaltecendo sua própria gestão. Os grupos progressistas “No Kings”, como o I ndivisible ,  50501  e  MoveOn  cobram transparência, respeito à democracia e limites ao poder presidencial....

Chapa de Moro volta a esquentar

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  Após escapar das acusações de caluniar o ministro Gilmar Mendes, a chapa volta a esquentar para o senador Sérgio Moro (União-PR). O ministro Dias Toffoli determinou à PF que realize diligências na 13ª Vara de Curitiba. Como as sabe, a vara era comandada pelo juiz Sérgio Moro durante a Operação Lava Jato. A decisão foi tomada por conta das denúncias do empresário e ex-deputado Tony Garcia, que acusa Moro de ter conduzido investigações clandestinas quando era responsável por processos do caso Banestado. Eu mesma já falei mais de uma vez aqui sobre esse caso, que agora anda para a frente. Garcia, o “agente infiltrado” da Lava Jato, diz ter sido obrigado por Moro a realizar gravações ilegais em 2004, no acordo de delação premiada após ser preso por fraudes no Consórcio Nacional Garibaldi. Segundo disse, parte das provas sobre suas acusações estariam arquivadas na 13ª Vara. Resta saber se o ex-juiz espertalhão não sumiu com esses documentos antes das diligências... Confor...

Capitalismo mais que selvagem

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  O ego de Donald Trump não é movido só por campanhas anti-imigração, tarifas que arruínam economias ou malabarismos superestimados (pelo próprio) pelo cessar fogo no Oriente Médio (com vistas ao Prêmio Nobel da Paz – se Maria Corina ganhou esse ano, nada impede que ele ganhe no próximo...) Segundo a Forbes, nunca houve enriquecimento na presidência dos EUA como a do líder republicano, cuja fortuna combinada à da família saltou em 70% em relação ao ano anterior a sua eleição. O crescimento meteórico é atribuído à entrada da família no universo das criptomoedas, conforme o  Estadão . Antes da eleição, Trump criou a  World Liberty Financial  (WLF), de criptomoedas, em sociedade com os filhos. A promessa era “libertar” os americanos do sistema bancário tradicional por estruturas descentralizadas (DeFi), com um  token  nativo – o $WLFI, sem intermediários. Tudo via aplicações em  blockchain , que tenta imitar um banco, sem ser um banco. Substitui os ...

O consenso é uma ilusão

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  Recentemente falei aqui de pesquisas que indicam a chance de Lula se reeleger em primeiro turno, o que de nada adiantará se mantivermos o mesmo perfil do Congresso, que voltará a apostar suas fichas em inviabilizar o governo. E quem fez uma análise abrangente  sobre pesquisas , no Canal Meio, é o filósofo Wilson Gomes (foto), da Universidade Federal da Bahia, que ajudam a entender as várias camadas existentes entre os brasileiros. Ele distingue a estridência das minorias da invisibilidade das maiorias. Embora seja só 12% da direita, o bolsonarismo age como se fosse a única e verdadeira direita, enquanto 26% dos que se inserem na direita não são bolsonaristas.  Os bolsonaristas são mais ricos, mais escolarizados e mais radicalizados. Priorizam a sobrevivência de Bolsonaro. Dominam as redes, pautam o noticiário e definem o clima político. A outra direita é mais pobre, mais preocupada com segurança e custo de vida, menos interessada em guerra cultural e tem outras prio...

Encontro é promissor, apesar de Dudu

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Apesar dos esforços de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo para envenenar a primeira reunião realizada entre nosso chanceler, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, “o encontro foi muito produtivo, em um clima excelente de descontração”, avaliou Vieira ao sair do encontro. Durante 45 minutos, houve “troca de ideias e posições de uma forma clara e objetiva, e com muita disposição para trabalhar em conjunto, para traçar, então, uma agenda bilateral de encontros, para tratar de temas específicos de comércio”, disse o chanceler na coletiva realizada na embaixada do Brasil nos EUA. E, em 15 minutos, só entre os dois, Vieira pediu o fim do tarifaço e das sanções ao Brasil, que Rubio prometeu levar a Trump. Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, os dois lados concordaram em iniciar negociações “em breve”. A  agenda de reuniões entre Washington e Brasília será definida por Vieira e Rubio, que devem manter contato nos próximos dias para discutir e a...